30.7.07

Até 2011, Pan!



Neste domingo, encerrou-se a 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos. A edição carioca do evento (considerada pelo presidente da ODEPA a maior de todos os tempos) teve seus altos e baixos, como toda grande competição esportiva. Como o esperado, o Brasil teve sua melhor participação na história do evento, com 161 medalhas - 54 de ouro.

Claro, ainda temos um longo caminho a percorrer até que venhamos a nos tornar uma potência olímpica. Mas estamos no caminho certo - e este Pan que se encerrou pode ter sido o empurrão que faltava para consolidar o interesse geral pela prática esportiva.

O Olimpismo dá os parabéns a nossos atletas e avisa que não parará por aqui. Acompanhará o Parapan do Rio, de 12 a 19 de agosto. Se possível, acompanhará os Jogos do Pacífico Sul de Ápia, em Samoa. Além dos preparativos para as Olimpíadas de 2008, em Pequim.

28.7.07

Pan do Rio, o Pan do frio

Contrariando previsões que afirmavam clima ameno para o mês de julho de 2007 (apesar de estarmos na época do inverno), os Jogos Pan-Americanos do Rio terminam debaixo de uma onda de frio que não combina com a cidade-sede. Ressalte-se: foram poucos os momentos de céu aberto durante o período de disputa dos Jogos. As chuvas atrapalharam muitas competições realizadas a céu aberto - inclusive, cancelando as finais do softbol (o ouro foi para os Estados Unidos, único país que tinha garantido vaga na final) e adiando as finais do tênis masculino para o último dia de competições.

Para o Olimpismo, nenhuma surpresa. O mês de julho, pelo que foi mostrado, não é adequado para um grande evento como o Pan - só foi escolhido pelos organizadores por causa das férias escolares. Para um país como o Brasil, o mais adequado seria o mês de outubro ou novembro, uma época menos chuvosa. Em Olimpíadas, é comum os organizadores marcarem em datas que não sejam julho ou agosto - a Austrália que o diga. Os Jogos de 1956, em Melbourne, começaram em novembro; os de 2000, em Sídnei, em setembro.

A próxima edição do Pan, em 2011, na cidade mexicana de Guadalajara, deverá ser marcado para ocorrer de 14 a 30 de outubro - uma época em que os grandes atletas não deverão estar ocupados com outras competições, classificatórias para as Olimpíadas de Londres. O que poderia ter sido feito, perfeitamente, pelos organizadores cariocas.

27.7.07

Fantasma exorcizado. Mas calma, gente, ainda não acabou

A Seleção de vôlei masculino derrotou a Venezuela por três sets a zero (30/28, 25/18 e 25/16), classificou-se à final do torneio pan-americano contra os Estados Unidos, que eliminaram Cuba na outra semifinal, e coroaram um brilhante dia para o Brasil na competição (foram cinco medalhas de ouro, incluindo o tricampeonato por equipes na ginástica rítmica e a quebra de um longo jejum: o ouro no boxe depois de 44 anos).

Mas o Brasil, talvez assustado com a derrota sofrida para os próprios venezuelanos também numa semifinal, no Pan de 2003, começou mal a partida. A Venezuela jogou melhor no primeiro set, ficando quase o tempo todo à frente - chegou a ganhar por 23 a 18. Mas os brasileiros reagiram, e venceram por incríveis 30 a 28.

Com essa vitória, os brasileiros se soltaram e dominaram as ações da partida. Tanto que venceram os dois sets seguintes até com certa tranqüilidade.

O Brasil chega à final sem perder período nenhum, disposto a acabar com o jejum pan-americano que já dura 24 anos - além disso, este é o único título que o Brasil ainda não ganhou na Era Bernardinho. O Brasil mostra que não sente tanta falta assim do levantador Ricardinho, cortado às vésperas do Pan por desentendimentos de longa data com o treinador. Mas os norte-americanos, pelo que vêm mostrando no Rio, são osso duro de roer. Vale lembrar que, nessa mesma era (desde 2001), o Brasil perdeu grande parte das finais que disputou em casa - inclusive uma de Copa América, para os próprios Estados Unidos. Ou seja, muito cuidado.

Ela, a vaia

Os Jogos Pan-Americanos do Rio, por representarem um raro evento esportivo de alto nível em território brasileiro, vêm se notabilizando pela intensa participação da torcida nacional - para o bem e para o mal.

Se os nossos torcedores têm ampla participação na excelente campanha brasileira nas competições, fazendo com que o Brasil tenha sua melhor participação na história do Pan (estamos lutando pelo segundo lugar no quadro geral de medalhas com Cuba, o que era inimaginável até então), com incentivos efusivos, eles também atrapalham muito com um ingrediente incômodo: a vaia.

As vaias estão em voga desde a cerimônia de abertura, usada como sinal de protesto contra a situação política do país - mas agora ela é usada como uma constrangedora arma de intimidação. A monocultura futebolística da população brasileira (que costuma separar a Humanidade entre amigos e inimigos), combinada aos poucos acontecimentos esportivos no país e às rivalidades adquiridas, provoca esse tipo de coisa.

Somente um largo período de educação e noções de respeito com uma maior constância de eventos esportivos pode mudar essa situação. Senão, fica difícil não se envergonhar.

26.7.07

O Maraca é delas

Com um show de Marta, a melhor do mundo, o Brasil conquistou merecidamente a medalha de ouro no futebol feminino ao golear a seleção Sub-20 dos Estados Unidos por 5 a 0, hoje à tarde, no Maracanã, para delírio da torcida que compareceu hoje em grande número no estádio.

O resultado coroou uma campanha impressionante, talvez a melhor obtida por uma seleção gerida pela CBF em todos os tempos. Seis vitórias em seis jogos, 33 gols marcados e nenhum sofrido.

Agora, resta à própria CBF e àqueles que investem no futebol olharem com mais cuidado para o futebol feminino. Fazendo mais investimentos e promovendo campeonatos, como a incipiente Liga Nacional, realizada neste ano e que teve o Santos como campeão. A Conmebol também poderia promover um Sul-Americano de clubes no feminino.

O nosso futebol tem potencial entre as mulheres. Resta um empurrãozinho pra que as coisas engrenem e ele possa crescer definitivamente.

22.7.07

Calma, pessoal

O pessoal que disputa e o que assiste às competições dos Jogos Pan-Americanos parece estar sofrendo de uma crise de ansiedade incontrolável. Só isso pra explicar as confusões que têm acontecido nesses últimos dias.

O público espectador não colabora muito, é verdade. A vaia com motivos vazios, logo em momentos em que os atletas devem estar concentrados, é indesculpável. Mas os atletas têm sua parcela de culpa, com provocações sem sentido.

Hoje ocorreram os mais graves entreveros entre atletas e torcedores deste Pan. O primeiro foi na final do handebol masculino, em que o Brasil se sagrou bicampeão ao derrotar a Argentina por 30 a 22. Nos segundos finais do jogo, houve uma pancadaria entre jogadores dos dois times. Os motivos são desencontrados, mas o fato é que a cena é lamentável.

À tarde, mais confusão, desta vez no judô, e envolvendo diretamente torcedores. Na final feminina da categoria meio-leve, uma decisão polêmica da arbitragem causou a derrota da brasileira Erika Miranda para a cubana Sheila Espinosa. A torcida protestou atirando objetos contra a arbitragem, que se retirou momentaneamente do local. As provocações entre torcedores dos dois países causaram uma briga generalizada nas arquibancadas destinadas aos convidados. Os ânimos se arrefeceram mais tarde.

Pessoal, esporte tem coisas que não nos agradam às vezes. Só resta, a nós, aceitar as adversidades.

21.7.07

País do futebol, do judô, da natação...




Nesta sexta-feira, o Brasil deu uma boa disparada no quadro de medalhas ao conquistar quatro ouros (dois na natação, com Thiago Pereira nos 200 metros quatro estilos, além da equipe do revezamento 4x100, e dois no judô, com Tiago Camilo e Edinanci Silva) e várias conquistas surpreendentes, como a prata da judoca Mayra Aguiar Silva (foto), de apenas 15 anos, e o bronze da nadadora Monique Ferreira nos 200 metros livre.

Apesar do nível técnico mais baixo do que de um Mundial ou de uma Olimpíada, os nadadores brasileiros fazem excelente campanha nas piscinas cariocas. Thiago Pereira se destaca por ser o nadador brasileiro de resultados mais convincentes da atualidade. Com as vitórias de hoje (ele recebeu a medalha do revezamento como reserva, pois nadara nas eliminatórias), chegou a cinco ouros e bateu o recorde brasileiro de número de medalhas de ouro numa única edição do Pan (batendo a marca de Fernando Scherer, de 1999, em Winnipeg) e ainda igualou a marca do maior nadador de todos os tempos, Mark Spitz (que ganhou cinco ouros em 1967, na mesma cidade canadense). E vem mais por aí...

O judô confirma sua tendência de ser um esporte altamente medalhista para o Brasil, não importando a competição. À prata e ao bronze de quinta-feira, juntaram-se os dois ouros, a prata e o bronze (este, conquistado por Luciano Correia) desta sexta, fazendo o Brasil ultrapassar o Canadá na terceira posição no quadro geral de medalhas.

E não parou por aí: os esportes coletivos femininos obtiveram grandes resultados nesta sexta. O futebol garantiu o primeiro lugar no seu grupo ao golear impiedosamente o Canadá por 7 a 0, com cinco gols de Marta, no Maracanã. Já o basquete estreou com uma vitória de 81 a 69 sobre a Jamaica.

20.7.07

Mas o que há com o vôlei feminino?

Ontem, o Brasil perdeu por 3 a 2 para Cuba, na decisão do vôlei feminino. Foi um jogo equilibrado em que qualquer um poderia ter vencido, e a vitória cubana foi justa pelo que elas jogaram, demonstrando força e superação. Mas as brasileiras perderam umas sete chances de fechar a partida e conquistar o ouro (a maioria delas ainda no quarto set), muito por causa de erros bobos. Isso já tinha ocorrido na semifinal olímpica de 2004 contra a Rússia, de tão triste memória. Na final do Mundial de 2006, outra derrota de 3 a 2 para a mesma Rússia, pensava-se que isso tinha mudado - afinal de contas, não houve demonstrações de nervosismo naquela ocasião. Teria a nossa seleção de vôlei feminino regredido emocionalmente?

Não é questão de comando técnico - mesmo quando Bernardinho era o técnico, já havia isso. Seria complexo de vira-latas?

Vamos nos lembrar que o futebol também padecia disso, até ser campeão mundial em 1958. Depois, decolamos no nosso esporte mais popular. Esperemos que o vôlei feminino também tenha esse fenômeno. Afinal de contas, o masculino também demorou para ganhar um título de expressão em nível mundial (depois dos vices mundial em 1982 e olímpico em 1984 - a Geração de Prata - o Brasil só seria ouro em 1992, com o mesmo José Roberto Guimarães, atualmente na seleção feminina, como técnico).

18.7.07

O melhor dos dias... e também o pior deles

Depois de uma segunda-feira sem medalhas, o Brasil teve uma terça-feira esportivamente esplendorosa no Rio de Janeiro. Foram nada menos que 18 medalhas (seis delas de ouro, quatro na ginástica artística e duas na natação) e o salto para o terceiro lugar no quadro geral de medalhas, só atrás de Estados Unidos e Cuba.

Os grandes destaques foram o nadador Thiago Pereira (vencedor e recordista pan-americano dos 400 metros livre, e um dos integrantes do revezamento 4x200 livre, que derrotou os norte-americanos pela primeira vez nesta prova em um Pan, também batendo o recorde pan-americano) e os ginastas Diego Hypolito (ganhador de dois ouros, no solo e no salto sobre a mesa, tornando-se o primeiro homem brasileiro a ser campeão pan-americano nesta modalidade), Jade Barbosa (que superou a decepção do dia anterior, quando falhou nas barras assimétricas que lhe dariam medalha no geral, mas foi ouro no salto sobre a mesa nesta terça) e Mosiah Rodrigues (o mais experiente da ginástica masculina, que ganhou um inesperado e merecido ouro na barra fixa).

Porém, o que era pra ter sido um dia de festa para o nosso esporte tornou-se um dia trágico para a aviação brasileira, com o acidente do jato da TAM no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo - no que pode ter se tornado o mais grave acidente aéreo da História brasileira. O Olimpismo se solidariza, por meio desta mensagem, aos familiares e amigos das vítimas da tragédia.

15.7.07

Pan 2007: O Brasil em seus primeiros dias contando com as próprias forças

Nos dois primeiros dias de competição oficial nos Jogos Pan-Americanos, o Brasil está dentro de suas previsões (apesar de ter conquistado apenas uma medalha de ouro, com Diogo Silva no taekwondo).

Algumas conquistas são de certa forma surpreendentes, como a prata conquistada pela ciclista Ana Flávia Sgobin no ciclismo BMX (depois de ficar três anos fora do esporte por motivos pessoais, ele teve apenas dois meses para treinar para o Pan) e o bronze de Juraci Moreira Júnior no triatlo (visto que os atletas da modalidade envelheceram e não há renovação neste esporte). Além disso, houve o bronze no adestramento do hipismo, mesmo com o corte de um atleta por intoxicação alimentar, e a substituição por uma jovem de 15 anos. A medalha rendeu vaga para as Olimpíadas de Pequim.

Isso mostra como o brasileiro precisa de incentivo para crescer. Capacidade de superar desafios e atingir metas, ele tem.

13.7.07

É hoje!

Nesta sexta-feira, começa oficialmente a 15ª edição dos Jogos Pan-Americanos. E a sua cidade-sede, o Rio de Janeiro, poucas vezes em sua história recente viveu uma onda tão grande de euforia - com a própria realização do Pan e também com a escolha do Cristo Redentor como uma das Sete Novas Maravilhas do Mundo.

E a hospitalidade do carioca, combinada à boa fase presente de sua cidade, promete fazer desses dias inesquecíveis para aqueles que fazem do esporte a sua vida. Que comecem os Jogos!

2.7.07

Demorou, mas valeu a pena



No último sábado, foram inaugurados dois importantes locais de competição dos Jogos Pan-Americanos do Rio: o Maracanãzinho reformado, que se tornou o segundo mais moderno ginásio do país (o primeiro, evidentemente, é a Arena Olímpica do Rio, que deverá ser inaugurada neste final de semana); e o Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão.

Poderia ser melhor - levando-se em consideração que as duas obras demoraram muito mais tempo para serem concluídas que o esperado, tanto por causa de falta de sintonia entre as três esferas de governo (algo, infelizmente, muito comum no Brasil), quanto por trapalhadas mesmo (como no caso da reforma do Ginásio Gilberto Cardoso, que demorou mais de quatro anos por causa da falência da empreiteira responsável pela obra - o que fez com que o Mundial de Basquete Feminino de 2006 tivesse que ser transferido para o repleto de goteiras ginásio do Ibirapuera, em São Paulo).

O prolongamento das obras - assim como o seu conseqüente superfaturamento - será avaliado pelos órgãos competentes. De todo modo, só resta-nos curtir o legado que tais obras terão que nos deixar, em relação ao desenvolvimento do esporte. E os eventos que tais arenas certamente nos credenciarão a sediar (como os Mundiais de Judô em setembro deste ano, e de Futsal no fim do ano que vem - e outros ainda virão).