30.11.07

Olimpíadas recentes e futuras: Não estaria havendo mascotes demais?



Foram apresentadas ontem as mascotes das Olimpíadas de Inverno de 2010, que serão realizadas na cidade canadense de Vancouver. Serão três: Miga, um urso-marinho com ares de surfista; Quatchi, um pé-grande; e Sumi, um pássaro guardião. Além deles, há uma "mascote honorária": Mumuk, uma marmota que age meio que na aba dos demais... Seguindo a tendência iniciada com o nosso solzinho Cauê, mascote do Pan e do Parapan de 2007, no Rio, as mascotes olímpicas de 2010 servirão tanto para as Olimpíadas quanto para as Paraolimpíadas de Inverno.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas isso causa uma discussão que não é de hoje, apesar de ser relativamente recente: não anda havendo mascotes demais pra cada edição olímpica? Isso vem desde 2000, quando três espécimes típicos da fauna australiana (a cucaburra Olly, o ornitorrinco Syd e o eqüidna Millie) representaram as Olimpíadas de Sydney. Uma dupla de crianças (Athena e Phevos - cujos nomes homenagearam Átena e Febo, figuras da mitologia grega - representando bonecos gregos típicos) foi mascote dos Jogos de Atenas, quatro anos depois. Já os chineses exageraram, como vêm fazendo constantemente em qualquer coisa: haverá cinco mascotes nas Olimpíadas de Pequim, no ano que vem, com cada um representando um elemento da cultura chinesa.

Isso, à medida que o tempo passa, parece ser quase que uma exclusividade do movimento olímpico. Houve uma exceção na Copa do Mundo de 2002, quando houve três mascotes, que por sinal não vingaram. A minha tese é que há uma corrida desenfreada por aquisição de direitos sobre produtos relacionados às Olimpíadas, assim como há um grande interesse nos lucros que tais produtos certamente irão gerar. Afinal de contas, as Olimpíadas estão se tornando um negócio cada vez mais rentável. Só não precisavam exagerar no número de mascotes.

Isso me causa um certo temor quanto às Olimpíadas de 2012, em Londres. Se o logotipo já causou grande polêmica, imaginem a discussão que a(s) mascote(s) pode(m) gerar...

Para ver o vídeo que apresenta as mascotes das Olimpíadas de Inverno de 2010, é só clicar aqui.

16.11.07

Mais uma chance. A última?

O vôlei feminino brasileiro conseguiu, com uma rodada de antecedência, a vaga para as Olimpíadas de Pequim ao derrotar a Sérvia por 3 a 0, em jogo válido pela Copa do Mundo, no Japão. A Seleção ficará, na pior das hipóteses, em terceiro lugar - colocação suficiente para a classificação olímpica.

A vitória sobre as sérvias foi absolutamente inquestionável, pois o Brasil jogou muito bem. O problema é que, mais uma vez, nossas meninas sofreram o mal da irregularidade que tem há tempos, quase sempre em momentos decisivos. Nesta Copa do Mundo que está em andamento, elas perderam duas partidas - ambas de maneira inacreditável - até agora. A primeira foi para os Estados Unidos, por 3 a 2, de virada - depois de terem feito 2 a 0, as brasileiras sofreram uma pane coletiva e ficaram assistindo às norte-americanas virarem o jogo. A segunda foi para a Itália, por 3 a 0, na pior atuação brasileira em sabe-se lá quanto tempo.

Menos mal que a Copa do Mundo de vôlei é disputada em pontos corridos. Mas as jogadoras brasileiras terão que ter a cabeça no lugar para que não decepcionem mais uma vez num momento decisivo, em Pequim.

A partir deste final de semana, será a vez da seleção masculina tentar a vaga olímpica.

8.11.07

Que isso tudo sirva de exemplo



O caso de doping envolvendo a nadadora Rebeca Gusmão é, evidentemente, uma mancha no esporte brasileiro, que luta por credibilidade e investimentos, além de prejudicar a natação do país como um todo (além da evidente perda das quatro medalhas, as equipes femininas terão seus recordes e índices olímpicos cassados, tendo mais trabalho para classificar-se para Pequim). A desconfiança que já havia, mesmo que de forma discreta, sobre o elevado crescimento muscular da nadadora nos últimos sete anos revela o quanto muitos brasileiros são temerosos em apurar fatos, preferindo escondê-los para baixo do tapete. Como atenuante, serve o fato de que não havia provas de ilegalidade até bem pouco tempo atrás (se bem que foram detectadas provas de fraude nos exames da nadadora feitos durante o Pan, que atestaram presença de amostras urinárias de pessoas diferentes, o que complica ainda mais a situação de Rebeca Gusmão).

De todo modo, que sejam apurados esses fatos e haja um julgamento justo. Também esperemos que, daqui em diante, nossos atletas tenham mais atenção e não usem de artifícios ilegais para que possam vencer. O doping é, acima de tudo, um crime lesa-esportivo. E seu preço é altíssimo, pago por todos aqueles que se envolvem com ele.