10.6.13

A interdição do Engenhão e o que pode estar por trás

Foto: AFP
Em março último, a prefeitura do Rio de Janeiro anunciou a interdição, por tempo indeterminado, do Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, onde está prevista a realização das provas de pista e campo do atletismo nos Jogos Olímpicos de 2016. Foram alegados problemas na estrutura da cobertura do estádio, que poderia desabar em caso de ventania de pouco mais de 60 km/h. Na última semana, o prefeito carioca Eduardo Paes disse que o estádio ficará fechado por cerca de um ano e meio para a reforma da cobertura. Mas ainda há as obras de reforma para a próxima Olimpíada, que ainda não foram decididas se serão ou não feitas enquanto o Engenhão estiver fechado. Inclusive, é cogitado que o estádio ficará fechado por ainda mais tempo caso tais obras sejam realmente levadas a cabo, reabrindo apenas em fins de 2015.

Porém, muita coisa ainda pode estar por trás desse estado de coisas. O estádio do Maracanã, por exemplo, estava fechado para obras (visando a Copa do Mundo de 2014 e, embora em menor grau, a própria Olimpíada de 2016) desde setembro de 2010, e o Engenhão estava em uso constante durante esse período exatamente para substituí-lo, sediando a maior parte dos jogos dos times do Rio nos Campeonatos Brasileiro e Carioca. Não se sabe se por coincidência ou não (embora, na opinião deste que vos escreve, coincidências não existam), o Engenhão foi interditado exatamente quando o Maracanã estava quase pronto. Desde então, Botafogo, Flamengo e Fluminense vêm mandando suas partidas em estádios de cidades do interior fluminense e mesmo em outros estados - o Vasco da Gama tem o estádio de São Januário. O Estádio Jornalista Mário Filho, que sediará as finais da Copa das Confederações deste ano (no próximo dia 30) e da Copa do Mundo do ano que vem (em 13 de julho de 2014), reaberto oficialmente com um amistoso entre Brasil e Inglaterra, no último dia 2 (mesmo ainda com obras em seu entorno), será cuidado por um consórcio que, segundo exigem as regras do edital, terá que assinar com, pelo menos, dois grandes clubes do Rio para que eles possam mandar suas partidas por lá. Como se sabe, o Botafogo arrendava o Engenhão desde alguns meses depois da inauguração do estádio, em 2007 - e poderia ser mais um a negociar com o consórcio, que vem enfrentando dificuldades em fazer acordo com a dupla Fla-Flu, assustada com as exigências.

Some-se a isso o fato de o estádio ter sido construído durante os dois últimos mandatos (2001-2009) do então prefeito Cesar Maia, notório inimigo político do atual prefeito da cidade do Rio, Eduardo Paes. Muitos veem nessa interdição uma chance de Paes detonar publicamente o seu antecessor, que fez o Engenhão construindo-o com um custo muito maior que o previsto (de 60 milhões para 380 milhões de reais). Enfim, é muito mais que simplesmente um estádio interditado. Existem vários interesses em jogo nessa história toda.