18.5.09

Sim, o Engenhão pode ser a casa do atletismo brasileiro

Ontem, depois de um intervalo de quase dois anos, o Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão (localizado no bairro de Engenho de Dentro, Zona Norte do Rio de Janeiro), voltou a sediar uma competição oficial de atletismo. Isso não acontecia desde agosto de 2007, quando o estádio sediou as provas de atletismo dos Jogos Parapan-Americanos. Pouco depois, a Prefeitura do Rio, construtora do estádio para o Pan, acertou o arrendamento do Engenhão pelo Botafogo de Futebol e Regatas, que passou a mandar suas partidas de futebol ali. Porém, problemas de relacionamento entre o presidente na época, Bebeto de Freitas, e diretores amadores impediram que a pista de atletismo fosse utilizada em competições oficiais.

Mas isso mudou com a posse do atual presidente, Maurício Assumpção, e a nova política do clube alvinegro para os esportes amadores. O novo diretor de esportes olímpicos do Botafogo, Miguel Ângelo da Luz (que, treinando a seleção feminina de basquete com Hortência, Paula e Janeth, conquistou o Mundial de 1994 e a medalha de prata nas Olimpíadas de 1996), acenou com investimentos do clube em esportes amadores, abrindo um novo mercado. Isso inclui a volta do uso da pista de atletismo do Engenhão - considerada a mais moderna da América Latina - em competições. Isso começou a ser posto em prática no GP Rio de Atletismo, realizado neste final de semana. No início de junho, o Engenhão sediará, pela primeira vez, o Troféu Brasil, a mais importante competição do atletismo brasileiro (o Rio não sediava o campeonato desde 2002, no Célio de Barros - de 2003 a 2008, foi disputado no Estádio do Ibirapuera, em São Paulo).

Assim, está aberto o caminho para que o Engenhão seja o que lhe era planejado desde a sua concepção: o grande palco do atletismo no Brasil, status dividido entre os estádios Célio de Barros (Complexo do Maracanã, Rio de Janeiro), Ícaro de Castro Mello (Ibirapuera, São Paulo) e Olímpico do Pará (Mangueirão, Belém; curiosamente, este estádio nunca sediou uma edição do Troféu Brasil). O Estádio Olímpico João Havelange é bem estruturado, com uma pista sensacional (aprovada pela IAAF, a instância máxima do atletismo no planeta) e é um dos carros-chefes da candidatura do Rio para sediar as Olimpíadas de 2016. Portanto, predicados não faltam para que o Engenhão atinja seu objetivo. Só resta melhorar o transporte ao seu redor, prejudicado pelas vias estreitas.

13.5.09

A visibilidade esportiva e os princípios da mídia

Foi anunciado o fim do time masculino de vôlei profissional do Unisul, ora sediado na cidade catarinense de Joinville, depois de dez anos de projeto. Entre outros motivos, a Universidade do Sul de Santa Catarina, que mantinha a equipe, apontou o fato de o nome da instituição universitária ser omitido pela emissora de TV que transmite a Superliga, durante as matérias e transmissões. Nelas, o time era chamado apenas pelo nome da cidade em que era sediado, como ocorre com outras equipes com nomes de empresas ou faculdades.

Quando determinada empresa patrocina uma equipe esportiva, o que ela quer é que seu nome apareça. É para isso que ela investe: associar sua marca a um time que se planeja vencedor. Mas setores da mídia têm regras que fazem questão de seguir, como a de não fazer propaganda ou merchandising durante transmissões. Às vezes, chega-se ao extremo de proibir que o nome de uma empresa seja falado, mesmo que ela batize um time. Vários grupos de comunicação no Brasil seguem essas normas.

É do direito dos setores de mídia não se arriscar a fazer propaganda involuntária, mas os nomes das empresas devem, sim, aparecer nas transmissões. Elas investem para isso, e têm o direito de aparecer para as câmeras. Enquanto nossas modalidades não conseguem se sustentar por si, toda ajuda será válida.

8.5.09

Um recorde mundial que é brasileiro

O nadador Felipe França bateu nesta sexta-feira o recorde mundial dos 50 metros peito (classe não-olímpica) nas eliminatórias do Troféu Maria Lenk, no Rio de Janeiro - o tempo é de 26"89, batendo os 27"06 do sul-africano Cameron van der Burgh, obtida em abril deste ano, em Durban. Com isso, França está classificado para o Mundial deste ano, em Roma. Além dele, outros quatro nadadores conseguiram índice - os dois primeiros se classificam.

No ano passado, o nadador brasileiro tinha sido o 22º colocado nos 100 metros peito nas Olimpíadas de Pequim.

5.5.09

O fim da Era Grego no basquete. Será?


Nesta segunda-feira, o presidente da CBB, Gerasime "Grego" Bozikis, anunciou que estava abrindo mão de candidatar-se à reeleição na entidade, diante de uma derrota iminente, resultado de um desgaste que durava anos. Afinal, desde que tomou posse em 1997, a Seleção masculina só fez cair de produção em competições internacionais - não disputa os Jogos Olímpicos desde 2000, e vem fazendo péssimas campanhas em Campeonatos Mundiais. A Seleção feminina demorou um pouco, mas seguiu a tendência a cair via CBB atual: nas Olimpíadas de Pequim, foi eliminada na primeira fase, com apenas uma vitória em cinco partidas. O novo presidente é Carlos Nunes, presidente da Federação Gaúcha. Mas será mesmo um sinal de mudança no basquete brasileiro?

A questão é pertinente pelo fato de Nunes ter sido aliado do próprio Grego durante 11 anos, rompendo no ano passado, alegando divergências. Além disso - apesar do positivo sinal de que tentará permitir apenas uma reeleição no comando da CBB - o novo presidente parece padecer dos mesmos vícios da administração anterior. Para se ter uma ideia, ele cogita uma troca no comando da Seleção feminina, considerando que o treinador Paulo Bassul está com seu trabalho contestado, devido ao caso Iziane (do Pré-Olímpico do ano passado, em que ela se recusou a entrar em quadra durante uma partida difícil) - o técnico do masculino, o espanhol Moncho Monsalve, tem seu cargo assegurado. Não bastasse isso, todavia, seu projeto não é considerado consistente por muita gente que entende do assunto (leia mais aqui).

Os amantes do basquete no Brasil, contudo, esperam que tais temores se transformem em um esporte que volte a ser vencedor. Mesmo porque pior do que está, não pode ficar de jeito algum.

3.5.09

Visita satisfatória. Mas ainda é pouco



Neste domingo, encerra-se a visita dos delegados do Comitê Olímpico Internacional ao Rio de Janeiro, a terceira das quatro cidades finalistas visitadas pela comissão (depois de Tóquio e Chicago; Madri será visitada na próxima semana). Podem ser tiradas, dessa experiência, as conclusões de que nossos habitantes, quando querem, são capazes de receber muito bem os visitantes estrangeiros, além do progresso de nossa infraestrutura, muito em parte graças ao Pan de 2007. Aparentemente, os delegados do COI gostaram do que viram, apesar de não terem sido autorizados a expressar opiniões, pelo menos por ora. Mas muita coisa ainda terá que ser feita se o Rio quiser ter chances reais de sediar as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016.

Apesar da boa recepção popular e do alto índice de aprovação dos cariocas a um projeto olímpico, há que se ter uma responsabilidade das esferas de governo quanto à construção de um legado para os cariocas e brasileiros. Os altos gastos com as arenas usadas no Pan, e o pouco uso delas depois do evento continental, ainda estão vivos na memória dos contribuintes. Mesmo em Jogos Olímpicos e em Copas do Mundo (como a que o Brasil sediará em 2014), isso vem sendo uma constante, principalmente dos anos 1990 para cá. O atual panorama mundial não colabora: grande parte dos gastos em cada grande evento esportivo vem sendo em aparatos e treinamentos de segurança, um dos grandes pontos fracos do Brasil atual.

Portanto, nós, os contribuintes, devemos fiscalizar cada gasto que as três esferas de governo fizerem, caso o Rio seja escolhido em 2 de outubro. Mesmo que não seja, o Brasil inteiro deverá fazê-lo nos próximos cinco anos: os gastos para a construção e/ou manutenção de estádios para a Copa do Mundo de 2014 prometem ser bem altos. À medida em que há arenas a serem construídas, há também interesses escusos e ameaças de superfaturamento. O próprio Pan de 2007 tem vários casos desse tipo, que até hoje não foram solucionados.

2.5.09

Um dia cheio na estada do COI no Rio

Os comissários do Comitê Olímpico Internacional tiveram nesta sexta-feira o dia em que viram de perto as instalações usadas nos Jogos Pan-Americanos de 2007 - e que terão que ser ampliadas caso o Rio seja escolhido para sediar os Jogos Olímpicos de 2016. A vistoria, aparentemente, deixou boa impressão nos delegados visitantes. Contribuiu para isso o dia de sol e calor na cidade, em pleno feriado - que certamente ajudou na condução por metrô dos delegados, em vagão exclusivo...

Foram visitados a Cidade dos Esportes (Arena Olímpica do Rio, Complexo Aquático Maria Lenk e Velódromo Municipal), o Complexo do Maracanã, o Complexo Esportivo de Deodoro (que será utilizado nos Jogos Mundiais Militares de 2011), a Marina da Glória e o Estádio de Remo da Lagoa. O dia da vistoria geral foi o auge da visita do COI, depois de dois dias de sabatina às três esferas de governo. Neste sábado, serão apresentadas propostas de segurança, cuidados médicos e serviços de mídia. Os delegados viajam a Madri (última candidata a ser visitada) no domingo.