28.2.10

Um fecho olímpico com chave de ouro

A última medalha de ouro das Olimpíadas de Inverno de 2010 não poderia vir de outra forma senão com muita emoção e muito drama. O torneio masculino do hóquei sobre o gelo foi decidido pelo maior clássico mundial da modalidade. Estados Unidos e Canadá fizeram um jogo emocionante que arrebatou o Canada Hockey Place e as torcidas que lotavam o local.

Os canadenses fizeram o primeiro gol no primeiro período, com Jonathan Toews. No segundo, Corey Perry marcou 2 a 0, mas o norte-americano Ryan Kesler diminuiu cinco minutos depois, num belo desvio com o taco, que enganou o goleiro Roberto Luongo. O terceiro período foi lá e cá, com as duas seleções buscando o ataque o tempo todo. Faltando meros 24 segundos para o final do jogo, com os norte-americanos tendo substituído o goleiro Ryan Miller por um jogador de linha, Zach Parise empatou a partida, levando para a prorrogação.

No tempo extra, com o recurso da morte súbita (a equipe que marcasse o primeiro gol ganharia a partida), os canadenses pareciam não estar abalados com o empate nos segundos finais. Jogaram melhor e buscaram o ataque o tempo todo. A persistência foi premiada com o gol de Sidney Crosby, faltando cerca de 12 minutos para o final da partida. O gol do título levou a torcida local ao delírio, orgulhosa que estava com a melhor seleção do mundo, a maior campeã olímpica do hóquei sobre o gelo (este foi o oitavo título do Canadá nas Olimpíadas). Na disputa do terceiro lugar, a Finlândia derrotou a Eslováquia por 5 a 3 e ficou com a medalha de bronze.

O octacampeonato olímpico no hóquei sobre o gelo coroou o fantástico desempenho do país-sede nas XXI Olimpíadas de Inverno. O Canadá, que não havia conquistado nenhuma medalha de ouro olímpica em casa antes dos Jogos de Vancouver, terminou em primeiro lugar no quadro de medalhas: 14 ouros, 7 pratas e 5 bronzes, 26 medalhas no total. A Alemanha acabou em segundo, com 10 ouros; os Estados Unidos em terceiro, com 9 ouros, tendo a vantagem de mais medalhas de prata que a Noruega, quarta colocada; a Coreia do Sul acabou em quinto, com 6 medalhas de ouro.

Os XXII Jogos Olímpicos de Inverno serão disputados em Sochi, na Rússia, de 7 a 23 de fevereiro de 2014.

27.2.10

A revanche, pela disparada

Amanhã, será disputada a final olímpica masculina do hóquei sobre o gelo, entre Estados Unidos e Canadá. Os dois países fazem o maior clássico da modalidade em todo o mundo - algo como Brasil x Argentina no futebol. Os canadenses contam com o apoio da torcida para se isolarem na liderança da galeria dos campeões olímpicos do hóquei sobre o gelo - estão empatados com a antiga União Soviética, cada um com sete ouros (o Canadá foi campeão de 1920 - na única vez em que o esporte figurou numa Olimpíada de Verão - a 1932, e em 1948, 1952 e 2002). Os Estados Unidos tentam o tri (e o primeiro ouro fora de casa: ganhou em 1960, em Squaw Valley, e em 1980, em Lake Placid - no chamado Milagre no Gelo, em que os norte-americanos venceram na fase final a então imbatível seleção soviética, que havia ganho as quatro Olimpíadas anteriores, e ganharia as duas seguintes, além do ouro ganho pela Comunidade dos Estados Independentes em 1992).

A grande final é uma revanche que move as duas seleções: na primeira fase, os canadenses perderam por 5 a 3 para os norte-americanos, que venceram os vizinhos depois de 30 anos em Olimpíadas; na final feminina, as donas da casa derrotaram os Estados Unidos por 2 a 0 e sagraram-se tricampeãs olímpicas. Nas semifinais masculinas, os norte-americanos golearam a Finlândia por 6 a 1, sem fazer muito esforço; já os canadenses tiveram mais dificuldades: depois de marcarem três gols nos dois primeiros períodos, deixaram a seleção da Eslováquia encostar no placar no período final; porém, venceram por 3 a 2. Todavia, esta final vale bem mais do que uma medalha de ouro no maior clássico do hóquei mundial - vale a disparada no quadro geral de medalhas das Olimpíadas de Inverno.

Superando as expectativas mais otimistas, o Canadá lidera o quadro de medalhas na véspera do encerramento das Olimpíadas - até o momento, os anfitriões ganharam 13 ouros, 7 pratas e 5 bronzes. A Alemanha está em segundo, com 10 ouros, e os Estados Unidos em terceiro, com 9 ouros. As medalhas canadenses vêm de todos os lugares - na patinação de velocidade, na patinação artística, e também no curling, onde conquistaram o ouro no masculino, graças a uma vitória por 6 a 3 sobre a Noruega na final; o bronze ficou com a Suíça, que venceu a Suécia por 5 a 4 numa disputa emocionante. Nada mau para um país que não tinha conquistado nenhuma medalha de ouro como anfitriã olímpica.

26.2.10

Dia de emoções nas Olimpíadas de Inverno

Hoje foi um dia de fortes emoções nestas Olimpíadas de Inverno, que chegam a seus últimos dias em Vancouver. Na patinação artística, categoria individual feminina, a sul-coreana Kim Yu-Na, atual campeã mundial, conquistou a medalha de ouro, com a japonesa Mao Asada, campeã do mundo em 2008, ficando com a prata. Mas foi a medalhista de bronze a grande sensação e o maior motivo de alma lavada: a canadense Joannie Rochette, no domingo anterior a sua estreia nos Jogos, dois dias depois da cerimônia de abertura, perdeu a mãe (grande incentivadora de sua carreira), vítima de um ataque cardíaco. Superou o drama e conseguiu subir ao pódio, para delírio dos torcedores locais.

Na final feminina do curling, Canadá e Suécia disputaram o ouro em disputa emocionante. As anfitriãs, na última rodada, estavam dois pontos à frente, mas as suecas se mostraram melhores estrategistas e empataram em 6 a 6. Na rodada extra, a Suécia conseguiu a virada por 7 a 6 e conquistou a medalha de ouro, sagrando-se bicampeã olímpica (tinha conquistado em Turim, em 2006). Na disputa do terceiro lugar, a China derrotou a Suíça por 12 a 6 e ficou com o bronze.

24.2.10

Uma dupla da patinação faz história em casa

Nesta segunda-feira, um fato histórico orgulhou os canadenses nos Jogos Olímpicos de Inverno: pela primeira vez, uma dupla do Canadá conquistou a medalha de ouro na patinação artística (a mais popular das modalidades olímpicas de inverno), categoria dança no gelo. Tessa Virtue e Scott Moir sagraram-se campeões no Pacific Coliseum de Vancouver, com uma apresentação arrebatadora na rodada final, quando as duplas executam a dança livre (são três rodadas; na primeira, há o exercício obrigatório com uma música pré-definida; na segunda, há a dança original). Os norte-americanos Meryl Davis e Charlie White ficaram com a prata; os russos Oksana Domnina e Maxim Shabalin ganharam o bronze.

A patinação artística foi disputada nas Olimpíadas de Verão de 1908 e 1920, e está presente em Olimpíadas de Inverno desde a primeira edição, em 1924 - mas a dança no gelo só estreou no programa olímpico em 1976, em Innsbruck. Patinadores da antiga União Soviética dominam esta modalidade (seja sob a bandeira soviética, até 1988; a da Equipe Unificada, ou Comunidade dos Estados Independentes, em 1992; ou a da Rússia, desde 1994) - esta é apenas a terceira vez em que não-russos ganham o ouro na dança no gelo. Nos Jogos de Sarajevo, em 1984, o alto do pódio foi ocupado pelos britânicos Jayne Torvill e Christopher Dean; em 2002, em Salt Lake City, o ouro foi ganho pelos franceses Marina Anissina e Gwendal Peizerat.

19.2.10

A ensolarada Austrália, país olímpico por natureza. Até no inverno!

Ontem, a Austrália ganhou sua segunda medalha (a primeira de ouro) nos Jogos Olímpicos de Inverno, em Vancouver. Torah Bright (foto) foi a campeã no snowboard halfpipe, categoria de manobras acrobáticas sobre a prancha, semelhante ao skate. Ela é a atual bicampeã no superpipe nos Jogos Radicais de Inverno, em Aspen, nos Estados Unidos. Antes, entre os homens, Dale Begg-Smith, ouro em 2006, havia conquistado a prata no esqui estilo livre - na prova em que o local Alexandre Bilodeau havia se tornado o primeiro atleta canadense a se sagrar campeão olímpico em casa. Aliás, a participação australiana nas Olimpíadas de Inverno impressiona para um país em que quase não cai neve: o país levou 40 atletas, que competem em 11 modalidades. Afinal, qual o segredo dos australianos para serem tão fortes, não importa a temperatura? Uma resposta pode ser o alto investimento do país e de seus atletas, que costumam treinar em locais nevados no próprio país (como a Nova Gales do Sul, estado natal de Bright) ou no exterior.

A primeira medalha conquistada pela Austrália numa Olimpíada de Inverno foi em 1994, em Lillehammer, na Noruega: o bronze no revezamento masculino de 5.000 metros na patinação de velocidade em pista curta. Na equipe, estava Steven Bradbury, que se tornaria o primeiro australiano (e também o primeiro atleta do Hemisfério Sul) campeão olímpico de inverno, nos 1.000 metros em pista curta (individual), nos Jogos de Salt Lake City, em 2002 - no mesmo ano, Alisa Camplin também ganharia o ouro, no esqui estilo livre, pelo qual seria bronze em 2006, em Turim. Nos Jogos de Nagano, em 1998, Zali Steggall foi bronze no esqui alpino slalom feminino. Até 2006, foram três ouros e três bronzes conquistados pela Austrália nos Jogos Olímpicos de Inverno. A estas medalhas, juntam-se a quarta dourada e a primeira medalha de prata do país.

17.2.10

As primeiras douradas canadenses em casa

País forte esportivamente que nunca tinha conquistado medalhas olímpicas de ouro em casa (como podem ver num texto logo abaixo), o Canadá tirou o atraso logo nos primeiros dias das Olimpíadas de Inverno, que estão sendo realizadas em Vancouver. O primeiro a conseguir fazer a alegria da torcida local foi Alexandre Bilodeau, campeão no esqui estilo livre, domingo passado.

Dois dias depois, foi a vez de uma mulher subir ao alto do pódio: Maëlle Ricker foi campeã no snowboard, o surfe na neve - recuperando-se do fiasco de quatro anos atrás, em Turim, quando sofreu um acidente enquanto lutava por um lugar no pódio. A brasileira Isabel Clark, que havia acabado em nono em 2006, desta vez não foi tão bem: sofreu quedas durante as tomadas de tempo preliminares (necessárias para classificação a fases posteriores) e acabou apenas na 19ª colocação.

13.2.10

Sob luto, começam as Olimpíadas de Inverno

Com uma bela festa realizada no estádio coberto BC Place, em Vancouver, começou nesta sexta-feira a 21ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno. A cerimônia de abertura exaltou as tradições do Canadá e homenageou as quatro nações indígenas que deram origem ao país, ressaltando a necessidade de união para superar as dificuldades.

Mas nem tudo foi festa neste primeiro dia: na tarde de sexta, horas antes da cerimônia, uma tragédia marcou a história olímpica. Durante os treinos da prova do luge (trenó individual em alta velocidade), o georgiano Nodar Kumaritashvili perdeu o controle do trenó a 140 quilômetros por hora e bateu numa pilastra próxima à pista, que é uma das mais rápidas do mundo, localizada na vizinha cidade de Whistler. Mesmo atendido rapidamente pelos paramédicos, morreu no hospital horas depois.

Segundo informações, o Comitê Organizador dos Jogos fará modificações na pista, para que ela não seja tão rápida e perigosa para os atletas.

10.2.10

O curioso e incômodo jejum olímpico canadense



O Canadá é um dos países mais ricos do mundo, sendo inclusive parte integrante do G-8. É considerado por muitos o melhor país do mundo para se viver. Como bom país rico que se preze, o Canadá também tem uma tradição esportiva considerável. Em 44 Olimpíadas (24 de Verão e 20 de Inverno) disputadas, os canadenses ganharam 96 medalhas de ouro (379 no total; para efeito de comparação, o Brasil conquistou 20 ouros, somente em Olimpíadas de Verão). Detalhe: nenhum desses ouros foi conquistado pelo Canadá em casa.

Até hoje, o Canadá é o único país-sede a terminar uma Olimpíada de Verão sem conquistar uma medalha de ouro sequer (em 1976, nos Jogos de Montreal, os canadenses ganharam onze medalhas: cinco de prata e seis de bronze). Doze anos depois, a cidade de Calgary sediou as Olimpíadas de Inverno, e os anfitriões voltaram a dar vexame: ficaram com apenas cinco medalhas, duas de prata e três de bronze. Pelo menos esse dissabor o Canadá pode dividir com outros três países: França (1924, em Chamonix), Suíça (1928, em Saint-Moritz) e Iugoslávia (1984, em Sarajevo) também não subiram ao alto do pódio como países-sede de Olimpíadas de Inverno.

De todo modo, franceses e suíços o fizeram quando sediaram a competição em outras oportunidades. E como a Iugoslávia não existe mais, o Canadá é o único país filiado ao COI a passar em branco como anfitrião olímpico. A edição olímpica de inverno que começa nesta sexta-feira, em Vancouver, será a terceira Olimpíada que o Canadá sedia. E os canadenses estão loucos para acabar com esse incômodo jejum. Chances não vão faltar: como anfitriões, terão os seus 206 atletas espalhados por todas as modalidades olímpicas.

Uma esperança de medalha é a patinadora de velocidade Clara Hughes, atual campeã olímpica dos 5.000 metros e vice por equipes. Ela também é uma experiente ciclista, tendo participado de quatro edições dos Jogos Pan-Americanos (de 1991 a 2003) e ganho duas medalhas de bronze olímpicas (ambas nos Jogos de Atlanta, em 1996). Sua trajetória foi premiada: Hughes será a porta-bandeira de seu país na cerimônia de abertura.

Nos Jogos de Turim, em 2006, o Canadá ganhou sete medalhas de ouro (além de Clara Hughes, a também patinadora Cindy Klassen foi campeã nos 1.500 metros; Chandra Crawford, no esqui cross-country; Jennifer Heil, no esqui estilo livre; e a seleção de hóquei sobre o gelo, entre as mulheres. Já no masculino, a equipe de curling e Duff Gibson, no skeleton, também conquistaram o ouro), dez de prata e sete de bronze. Ou seja, experiência suficiente para quebrar o jejum, os canadenses têm de sobra.

7.2.10

A maior de todas as Olimpíadas de Inverno



Terá início na próxima sexta-feira dia 12, e irá até o dia 28, a 21ª edição dos Jogos Olímpicos de Inverno, em Vancouver, no Canadá. É a continuação de um evento que, se não conta com o mesmo glamour dos Jogos de Verão (pelo menos para os países localizados abaixo da Linha do Equador), é importante para o movimento olímpico por sua relevância.

O maior evento esportivo de modalidades praticadas na neve e no gelo teve sua primeira edição realizada em 1924, em Chamonix, na França - o mesmo país que sediou os Jogos Olímpicos de Verão daquele mesmo ano, na capital Paris. Aliás, das quatro edições olímpicas de inverno realizadas no período anterior à Segunda Guerra Mundial, três foram no mesmo país das Olimpíadas "normais" (os Estados Unidos, em 1932, em Lake Placid/Los Angeles, e a Alemanha, em 1936, em Garmisch-Partenkirchen/Berlim, também receberam Olimpíadas de Inverno e Verão no mesmo ano; em 1928, os Jogos de Inverno foram em Saint-Moritz, na Suíça - que também receberia a primeira edição pós-guerra, em 1948 -, e os de Verão em Amsterdã, na Holanda).

Os Jogos Olímpicos de Inverno foram disputados no mesmo ano dos de Verão até 1992, em Albertville, na França. O Comitê Olímpico Internacional decidiu desvincular os seus dois eventos mais importantes para que os Jogos de Inverno não fossem eclipsados pelos de Verão e recebessem maior atenção e investimento. Então, o intervalo foi de apenas dois anos, e as Olimpíadas de Inverno de 1994 foram realizados em Lillehammer, na Noruega, voltando a ser de quatro anos logo depois. Desde então, o evento passou a marcar a primeira metade de cada ciclo olímpico.

Os Estados Unidos são o país que mais sediou Olimpíadas de Inverno, quatro vezes (Lake Placid, em 1932 e 1980; Squaw Valley, em 1960; e Salt Lake City, em 2002); a França vem a seguir, com três (Chamonix, em 1924; Grenoble, em 1968; e Albertville, em 1992). Este ano, o Canadá sedia pela segunda vez (a primeira foi em 1988, em Calgary). Curiosamente, apenas uma capital nacional sediou as Olimpíadas de Inverno até hoje: a norueguesa Oslo, em 1952.

Em 1924, apenas 258 atletas de dezesseis países disputaram medalhas em seis modalidades. Em 2010, 2.508 atletas de 80 países atuarão nos seguintes esportes: biatlo, bobsleigh, combinado nórdico, cross-country, curling, esqui alpino, esqui em estilo livre, hóquei sobre o gelo, luge, patinação artística, patinação de velocidade em pista curta, patinação de velocidade em pista longa, salto de esqui, skeleton e surfe na neve. Esta promete ser a maior edição da história das Olimpíadas de Inverno.

O Brasil disputa o evento desde 1992. Em 2010, cinco atletas brasileiros participarão: Isabel Clark, no surfe na neve (até hoje a atleta brasileira com a melhor colocação na história do evento, com o nono lugar obtido nos Jogos de Turim, em 2006); Jaqueline Mourão e Leandro Ribela, no cross-country; e Jhonatan Longhi e Maya Harrison, no esqui alpino. Os Jogos de Vancouver deverão marcar as estreias de Colômbia, Gana, Ilhas Cayman, Montenegro, Paquistão, Peru e Sérvia.

Nos Jogos de Turim, a Alemanha foi a primeira colocada no quadro de medalhas, com 11 ouros, 12 pratas e 6 bronzes. Os Estados Unidos acabaram em segundo, com 9 ouros, 9 pratas e 7 bronzes; a Áustria ficou em terceiro, com 9 ouros, 7 pratas e 7 bronzes. A anfitriã Itália acabou em nono, com 5 ouros e 6 bronzes.