9.1.08

Mais Rio 2016, mais polêmicas à vista

Foi apresentado ontem o projeto do COB em relação à candidatura do Rio a sede das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016. Como escrito aqui anteriormente, já havia vários pontos polêmicos como a substituição do Autódromo Nelson Piquet (que seria construído em outro ponto da cidade, a ser definido) por um grande centro de treinamento olímpico, integrado às instalações construídas para o Pan de 2007. A Confederação Brasileira de Automobilismo dá como condição a construção de um novo autódromo de alto nível, capaz de receber até mesmo a Fórmula-1 - o que seria um grande ganho, uma vez que o antigo autódromo estava quase às moscas, desde muito antes do erguimento das instalações pan-americanas. Porém, um projeto como esse exige um investimento enorme. Mas tem mais por aí.

Entre as novidades, estaria a transferência do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Complexo Aquático Júlio Delamare (usado nas competições de pólo aquático no Pan), ambos pertencentes ao Complexo Esportivo do Maracanã (vizinhos ao Estádio Mário Filho) para além da linha férrea que fica ali perto, mudando-se para a região da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Este é, disparadamente, o ponto mais polêmico do projeto Rio 2016 - que, indiretamente, faz parte das reformas do estádio para a Copa do Mundo de 2014 (o Maracanã está programado para receber a final do Mundial), para a construção de novos prédios, entre eles um shopping-center e um estacionamento.

O que chega a impressionar é a incoerência das classes política e esportiva no projeto. Depois de rejeitarem veementemente a demolição no início do projeto, tanto o governo estadual (que gere o complexo) quanto as federações aquática e de atletismo do estado do Rio passaram a apoiar a idéia. O que os teria feito mudar de opinião tão rapidamente? Haveria alguma "força oculta" que teria feito isso? Uma solução seria a construção de tais prédios (ou pelo menos do estacionamento) no terreno do antigo e inativo Museu do Índio, que fica perto do estádio.

Se tal projeto oficial for levado a cabo, o comitê de candidatura terá que ter uma enorme responsabilidade de fazer arenas que superem em qualidade os antigos estádios. O que, conseqüentemente, implica em mais gastos para os contribuintes. Pelo menos isso tudo tem um lado bom: há a previsão de que obras estruturais (como a construção de novas linhas de metrô, por exemplo) sejam feitas mesmo que o Rio não seja escolhido a cidade-sede. Se isso for levado em prática, a cidade terá muito a ganhar, por ser beneficiada em algo que espera há tempos. Resta esperar para ver no que vai dar.

7.1.08

Rio 2016: Será que vale a pena investir tanto?



A candidatura do Rio para sediar as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016 se intensificou no mês passado, quando da exibição do seu logotipo oficial durante o Prêmio Brasil Olímpico e da divulgação da proposta da candidatura, com vários pontos polêmicos.

Entre esses pontos, está a mudança do autódromo (que daria lugar a um grande centro esportivo; o local de corridas já tinha sido modificado com a construção da Arena Olímpica, do Parque Aquático e do Velódromo para o Pan de 2007) para outro ponto da cidade, o que deverá acarretar mais protestos da comunidade automobilística nacional, já atingida com o que considera uma completa descaracterização do Autódromo Nelson Piquet - que, cá entre nós, já estava decadente com a transferência do Grande Prêmio do Brasil para Interlagos, em 1990.

De todo modo, há a previsão de grandes gastos somente com a candidatura do Rio para 2016, além do temor de que as nossas finanças não agüentem o tranco. Afinal de contas, muitos estão melindrados com os altos gastos feitos no Pan de 2007, e se preocupam com a Copa do Mundo de 2014, cujos investimentos prometem ser ainda maiores.

Considerando-se que a luta para sediar uma edição de Jogos Olímpicos é bem mais árdua que o normal, com concorrentes fortes e dispostos a jogar firme nos bastidores, cabe a pergunta: será que tanto investimento vai valer a pena? Essa é a primeira preocupação do Olimpismo, neste Ano Olímpico que se inicia.