23.8.07

Há 20 anos, a vitória que mudou a história do basquete



Nesta quinta-feira, fez 20 anos que deu-se uma das maiores zebras da história do basquete, e também uma das mais importantes vitórias do esporte brasileiro em todos os tempos. No dia 23 de agosto de 1987, a Seleção Brasileira de basquete masculino, de Oscar, Marcel e companhia (uma das melhores gerações desta modalidade no país, talvez só perdendo para a bicampeã mundial em 1959 e 1963), conquistou a medalha de ouro nos Jogos Pan-Americanos de Indianápolis, o berço deste esporte, ao derrotar os donos da casa por 120 a 115.

Esta tinha sido a primeira derrota da seleção norte-americana em seus domínios, em qualquer competição, além de ter sido a primeira vez em que os Estados Unidos sofreram mais de cem pontos numa única partida. O Brasil conquistou sua segunda medalha de ouro no basquete masculino num Pan (o primeiro tinha sido em 1971; depois, conquistaria mais três, em 1999, 2003 e 2007). Mas a importância maior deste surpreendente desfecho se deu fora das quadras.

Naquela época, havia uma espécie de cisão entre a NBA (que gere a milionária liga norte-americana) e a FIBA (a instância máxima do basquete no planeta), que proibia os participantes da liga de disputar competições internacionais de seleções, além de ter regras diferentes. Resultado: os norte-americanos, mesmo em Olimpíadas e Mundiais, jogavam com seus universitários. Depois da derrota de Indianápolis e da eliminação nas semifinais do torneio olímpico de Seul, no ano seguinte, os Estados Unidos perceberam que perderiam rapidamente a supremacia no basquete jogando apenas com amadores e universitários...

Um acordo entre NBA e FIBA, com as bênçãos do COI (interessado na mais crescente profissionalização olímpica), possibilitou a participação de profissionais no basquete desde as Olimpíadas de Barcelona, em 1992. Ou seja, as pessoas que se encantaram com o Dream Team de Jordan, Johnson, Bird etc. (e não foram poucas!) podem agradecer à Seleção Brasileira campeã pan-americana em Indianápolis.

Para ter-se uma idéia da marca que foi aquela partida, os Estados Unidos só voltariam a perder em casa numa competição oficial 15 anos depois, no Mundial de 2002, também em Indianápolis... De todo modo, guardadas as devidas proporções, o dia 23 de agosto de 1987 representa para o basquete norte-americano o mesmo que o dia 16 de julho de 1950 é para o futebol brasileiro.

22.8.07

A mais exótica das competições continentais



Começa no próximo sábado (indo até 8 de setembro), em Ápia, capital de Samoa, a 13ª edição dos Jogos do Pacífico Sul, a maior competição polidesportiva da Oceania (mesmo sem contar com a participação da Austrália e da Nova Zelândia, que além das Olimpíadas disputam somente os Jogos da Comunidade Britânica).

Serão disputadas 33 modalidades, a maioria delas pertencente ao programa olímpico, outras não-olímpicas (como o fisiculturismo, o críquete, o golfe, a bocha, o surfe e o rúgbi) e outras estranhas a nossos olhos, como a canoa polinésia e o netbol (esporte similar ao basquete, praticado predominantemente por mulheres e muito popular em países de colonização britânica).

Disputarão o evento, cuja primeira edição se deu em 1963 (em Suva, Fiji), 22 delegações, entre países independentes como Samoa, Fiji e Vanuatu, além de territórios e dependências - vários destes não-filiados ao Comitê Olímpico Internacional como Nova Caledônia (líder no quadro histórico com 568 medalhas de ouro, 1411 no total), Niue, Norfolk, Toquelau e as Ilhas Marianas do Norte. Não haverá competições aos sábados.

Curiosidade: o torneio masculino de futebol servirá como a primeira etapa das Eliminatórias da Oceania para a Copa do Mundo de 2010. As três seleções medalhistas enfrentarão a Nova Zelândia na Copa das Nações da Oceania de 2008, que dará à seleção campeã a vaga na Copa das Confederações de 2009, na África do Sul, além do direito de disputar a vaga para o Mundial numa repescagem contra o quinto colocado da Ásia. Entre as mulheres, o torneio de futebol valerá como classificação para o Pré-Olímpico do próximo ano.

19.8.07

Missão cumprida. Ou quase



A terceira edição dos Jogos Parapan-Americanos se encerrou hoje, no Rio, com a confirmação de duas coisas: a força do Brasil em competições paradesportivas (o país-sede foi o grande vencedor da competição, terminando em primeiro lugar no quadro geral de medalhas, com 83 ouros, 228 no total; o segundo colocado foi o Canadá, com 49 ouros); e o entrelaçamento definitivo do Pan e do Parapan quanto à cidade-sede: o Comitê Paraolímpico das Américas confirmou que a sede dos Jogos Parapan-Americanos de 2011 será mesmo a cidade mexicana de Guadalajara, que também sediará o Pan no mesmo ano.

Tudo bem, mas... As cerimônias de abertura e encerramento poderiam ter sido mais bem cuidadas, isso é fato. A de abertura, no domingo passado, realizada na Arena Olímpica do Rio, foi uma cópia-carbono e em níveis reduzidos da do Pan. Os organizadores poderiam ter criado uma cerimônia mais original, enfatizando a superação dos limites. Além disso, ela foi restrita a convidados das três esferas de governo, e nem todos compareceram - pra falar a verdade, uma minoria marcou presença nas cadeiras da Arena, fazendo-a ficar quase vazia. Se não podia fazer como fariam durante a competição - ou seja, entrada franca -, pelo menos poderiam fazer os que queriam assistir trocarem alimentos não-perecíveis por convites. Não faltariam interessados, com certeza.

Com a de encerramento, realizada hoje, foi ainda pior. Anteriormente, ela estava marcada também para a Arena Olímpica do Rio. Nesta quinta-feira, porém, os organizadores a transferiram para a Vila Pan-Americana, fazendo-a ficar restrita aos atletas e às autoridades. Ou seja, fechada ao público que queria coroar a bela campanha dos nossos paratletas. Pegou mal.

Ou seja, os organizadores perderam a oportunidade de fazer dos Jogos Parapan-Americanos de 2007 ainda melhores do que foram. Mesmo assim, valeu pela força de superação de nossos atletas, que venceram todos os limites (dos físicos aos financeiros) para dar o seu recado.

17.8.07

Cadê a surpresa?

Muitos estão se surpreendendo com a ótima campanha do Brasil nos Jogos Parapan-Americanos. Os organizadores e a grande maioria dos torcedores esperavam que os anfitriões brigassem, no máximo, pela terceira posição com o México. Como todas as modalidades do evento são classificatórias ou passíveis de índice para os Jogos Paraolímpicos de Pequim, em 2008, as grandes forças esportivas do continente (Estados Unidos e Canadá) decidiram trazer suas principais forças paradesportivas ao Rio. Mesmo assim, o Brasil está disparado na frente no quadro de medalhas (na noite da sexta-feira 17 de agosto, antepenúltimo dia de competições, o país anfitrião tinha 58 medalhas de ouro, 18 à frente do vice-líder Canadá - no total, 167 medalhas e ainda contando).

Para o Olimpismo, porém, essa grande campanha não surpreende. Pra quem não sabe, o Brasil tem grande tradição em modalidades paradesportivas. O país costuma fazer grandes campanhas em Paraolimpíadas, costumando inclusive figurar nas primeiras posições no quadro de medalhas (em 2004, nos Jogos de Atenas, o Brasil ficou na 14ª posição, com 14 ouros e 33 medalhas no total). Disputando em casa e com o apoio da torcida, então, o primeiro lugar é até natural.

Que este evento seja um divisor de águas para que aqueles que superam os limites que lhes são dados pelos fatos da vida sejam vistos com mais atenção, tanto pelo público, quanto pela mídia e os empresários interessados em atrelar suas marcas a grandes atletas - mas, acima de tudo, a grandes vencedores.

11.8.07

Pensa que acabou? Ainda tem mais por uma semana!



Pra quem estava com saudades das emoções do Pan, elas estarão de volta a partir de amanhã, até o domingo seguinte. É a terceira edição dos Jogos Parapan-Americanos, cuja cerimônia de abertura será realizada neste domingo, na Arena Olímpica do Rio. Todas as suas competições serão classificatórias para as Paraolimpíadas de Pequim, no ano que vem.

Esta é a terceira edição do Parapan, e é a primeira realizada na mesma cidade-sede e logo em seqüência ao Pan (a primeira edição, em 1999, foi na Cidade do México; a segunda, em 2003, foi em Mar del Plata, na Argentina), usando as mesmas instalações - procedimento semelhante ao que é feito em nível mundial desde 1988, e que deverá ser adotado pelo Comitê Paraolímpico das Américas deste ano em diante.

Serão dez modalidades, praticadas por atletas portadores de diferentes tipos de deficiência. O Brasil, país de forte tradição no paradesporto, deverá lutar pela liderança no quadro de medalhas. E o melhor de tudo: a entrada para todas as provas é franca, obedecendo à ordem de chegada. Vamos prestigiar nossos atletas paradesportivos.

8.8.07

Falta um ano. E está quase tudo pronto



Nesta quarta-feira, falta exatamente um ano para a cerimônia de abertura dos Jogos da XXIX Olimpíada, a realizar-se em Pequim, na China.

Confirmando o alto poderio e a grande eficiência dos chineses, os locais de competições estão quase prontos - a ponto de as autoridades quase mandarem os operários maneirarem nas obras de construção, ou haveria altos custos de manutenção até agosto do ano que vem.

Mas, claro, isso tem um lado excelente: os eventos-teste poderão ser realizados com calma, ao contrário da quase-correria das vésperas do Pan do Rio, por exemplo. Passando, inclusive, pelos imprescindíveis testes do esquema de segurança. Que a atmosfera olímpica pequinesa seja semelhante à pan-americana carioca em seu alto astral, a despeito da falta de democracia no país asiático...

Mas há um risco de as Olimpíadas de Pequim se igualarem ao Pan do Rio num aspecto negativo: o tempo ruim. Neste verão chinês, na mesma época em que serão realizados os Jogos, houve temporais fortes e até chuvas de granizo. Quem viu o Pan sabe que esportes e chuva não combinam. O softbol que o diga... Que o estádio da modalidade tenha, pelo menos, uma boa drenagem.