28.8.12

O movimento paralímpico volta a suas origens

Foto: London2012.com
Terá início nesta quarta-feira, com a cerimônia de abertura a ser realizada no Estádio Olímpico de Londres, a 14ª edição dos Jogos Paralímpicos, o maior evento esportivo para portadores de deficiência - seja ela física, mental ou sensorial. Ao chegar a terras britânicas, os Jogos retornam ao lugar cujo conceito teve suas origens.
 
Afinal, foi no final dos anos 40 do século passado, na cidade inglesa de Stoke Mandeville, que foram disputadas as primeiras competições entre cadeirantes, majoritariamente feridos da Segunda Guerra Mundial - a primeira edição dos Jogos de Stoke Mandeville, atualmente conhecidos como Jogos Mundiais Esportivos para Cadeirantes e Amputados, foi disputada em 28 de julho de 1948, véspera da abertura dos Jogos da XIV Olimpíada, na capital Londres. Era um torneio de tiro com arco com cadeirantes e apenas 16 atletas (14 homens e duas mulheres). A competição, inicialmente apenas britânica, tornou-se internacional com a participação de uma equipe holandesa em 1952. Oito anos mais tarde, em 1960, a nona edição dos Jogos Anuais Internacionais de Stoke Mandeville foi disputada em Roma, que havia sediado os Jogos Olímpicos pouco antes. A cada quatro anos, até 1972, os Jogos de Stoke Mandeville foram disputados no mesmo país dos Jogos Olímpicos (à exceção de 1968, quando o México declarou não ter condições e, por isso, a cidade israelense de Tel Aviv foi a sede), sempre apenas por cadeirantes. A edição de 1972 - disputada em Heidelberg, na Alemanha Ocidental - foi a primeira a contar com a participação do Brasil, e também a última vinculada aos Jogos de Stoke Mandeville, ganhando vida própria em 1976, em Toronto, no Canadá, quando estrearam os atletas amputados e deficientes visuais. No começo daquele mesmo ano, na cidade sueca de Örnsköldsvik, foi realizada a primeira versão para esportes de inverno.
 
Em 1984, os Jogos Internacionais para Deficientes (como o evento era chamado na época) foram divididos entre dois países, pela única vez até hoje: a britânica Stoke Mandeville, onde o paradesporto nasceu, recebeu os atletas cadeirantes com lesões na coluna, enquanto Nova Iorque, nos Estados Unidos, sediou as demais modalidades. Em 1988, foi cunhado o termo Jogos Paralímpicos para definir a maior competição mundial para atletas portadores de deficiência. Seul, na Coreia do Sul, que recebera a Olimpíada, sediou a Paralimpíada com sucesso. Dali em diante, os Jogos Paralímpicos seriam realizados sempre na mesma cidade em que foram realizados os Jogos Olímpicos.
 
Em setembro de 1989, foi criado o Comitê Paralímpico Internacional, instância máxima do paradesporto mundial. Ficou definido que os IX Jogos Anuais Internacionais de Stoke Mandeville, disputados em 1960, na cidade de Roma, foram os I Jogos Paralímpicos. Além de 1968, apenas em 1980 (em Arnhem, na Holanda) a Paralimpíada não foi disputada no mesmo país dos Jogos Olímpicos (naquele ano realizados em Moscou, na União Soviética). Mas os Jogos de Stoke Mandeville nunca pararam de ser disputados - ampliaram-se e são realizados até hoje, de forma bienal (sempre nos anos ímpares), ganhando itinerância - o Rio de Janeiro, que sediaria os Jogos Parapan-Americanos de 2007 e receberá a Paralimpíada de 2016, sediou o evento em 2005, o primeiro a contar também com a participação de atletas amputados.
 
Os XIV Jogos Paralímpicos começarão nesta quarta e irão até o dia 9 de setembro. Cerca de 4.200 atletas disputarão medalhas em 20 modalidades (atletismo, basquete em cadeira de rodas, bocha, ciclismo paralímpico, esgrima em cadeira de rodas, futebol de cinco, futebol de sete, golbol, halterofilismo deitado, hipismo, judô, natação, remo, rúgbi em cadeira de rodas, tênis de mesa, tênis em cadeira de rodas, tiro, tiro com arco, vela e vôlei sentado).
 
Na Paralimpíada de Pequim, em 2008, a China obteve o maior número de medalhas de ouro, com 89 (211 no total), com a Grã-Bretanha em segundo, com 42 ouros, e os Estados Unidos em terceiro, com 36 ouros. O Brasil, maior potência paralímpica entre os países latino-americanos, ficou em nono lugar, com 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes (47 medalhas no total). As expectativas dos paratletas brasileiros em Londres são boas, principalmente porque a edição seguinte será no Rio de Janeiro, de 7 a 18 de setembro de 2016.

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