7.5.12

Crise financeira, boicotes, medo de deserção: a debacle do esporte cubano

Foto: Divulgação

No Pré-Olímpico Feminino das Américas do Norte e Central de Vôlei, a República Dominicana obteve vaga direta para Londres ao derrotar a tricampeã olímpica Cuba por 3 a 1 (25/18, 25/23, 27/29 e 25/20). Às cubanas, restaria lutar pela vaga no Pré-Olímpico Mundial que será disputado no Japão, a partir do próximo dia 19. Mas a tendência é que Cuba não o dispute, alegando problemas financeiros. Caso isso seja confirmado, será a primeira ausência das Morenas do Caribe no torneio olímpico feminino de vôlei desde 1988, quando Cuba boicotou as Olimpíadas de Seul, em suposta solidariedade à Coreia do Norte. Desde que retornou às Olimpíadas, foram três ouros (1992, 1996 e 2000), um bronze (2004) e um quarto lugar (2008).

Na verdade, muito mais do que o fechamento das torneiras provocado pelo colapso da União Soviética no começo dos anos 1990, o que provoca a decadência do esporte cubano (que vem se acentuando nos últimos anos) é o forte componente social-político. Uma ditadura comunista de mais de cinco décadas, a mais longa do Hemisfério Ocidental, o regime cubano segue com a proibição da profissionalização esportiva, algo extremamente anacrônico nos dias de hoje. Com isso, segue forte o número de esportistas cubanos que desertam de delegações do país, buscando garantir o futuro através de suas capacidades físicas. Um forte indício disso foi a não participação cubana nos Jogos Centro-Americanos e do Caribe de 2010, disputados na cidade porto-riquenha de Mayagüez.

Mas as consequências da crise financeira que atinge a ilha caribenha e a falta de investimentos no esporte do país são ainda mais evidentes: as Olimpíadas de 2008, em Pequim, foram as piores de Cuba em 40 anos, com apenas duas medalhas de ouro conquistadas (pela primeira vez desde 1960, os cubanos terminaram atrás do Brasil, que ganhou um ouro a mais, no quadro geral de medalhas). Nos Jogos Pan-Americanos, em que Cuba é a única grande potência olímpica a mandar força máxima, a situação também é grave: a última participação digna de registro foi em 2003, em Santo Domingo, na vizinha República Dominicana, com 72 ouros. Em 2007, no Rio, a quantidade de ouros já despencou para 59. A edição de 2011, em Guadalajara, com 58 ouros, foi a pior para o país desde 1975. Os cubanos ficaram na segunda colocação que costumam ocupar sempre no quadro, mas tiveram que cortar um dobrado para lutar por ela contra o Brasil, até os últimos dias do evento (o boxe foi a salvação da lavoura).

Pode-se dizer que a força de vontade dos esportistas cubanos, tendo que lutar contra tantas adversidades como falta de dinheiro, adiou por alguns anos a queda de rendimento do país em competições internacionais. Mas o temor de abandono de atletas das delegações do país mostra a cara do regime em toda a sua intransigência. Ou Cuba muda esse pensamento retrógrado e altamente prejudicial aos seus cidadãos - independentemente de serem atletas ou não -, ou a situação apenas irá piorar nos próximos anos.

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