21.6.08

Ronaldinho nas Olimpíadas: Um projeto fadado ao fracasso

Durante o jogo em que o Brasil empatou em 0 a 0 com a Argentina, pelas Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2010, foi especulado que o presidente da CBF, Ricardo Teixeira, teria imposto ao treinador Dunga a convocação do meia Ronaldinho, que deve sair do Barcelona, para a Seleção que disputará as Olimpíadas de Pequim. O jogador (que não atua pela Seleção desde a vitória sobre o Uruguai por 2 a 1, no Morumbi, em novembro passado) assistiu à partida no Mineirão, convidado pela própria CBF. Segundo Teixeira, a volta de Ronaldinho seria "um pedido da torcida brasileira".

É notório que há um desgaste entre o treinador Dunga e alguns medalhões que estão em má fase ou ocupados com outras coisas, como o próprio Ronaldinho ou Kaká. Também é óbvio que os jogadores acima relacionados não andam se sentindo à vontade na Seleção atual, por conflitos com o treinador. Era sonho de Dunga levar Kaká a Pequim, mas o Milan vetou. Já Ronaldinho parece, como seu xará mais velho, ter se perdido na vida boêmia e não se importar mais com o futebol, necessitando mudar de ares imediatamente. Além disso, uma insistente contusão e o fato de estar fora de forma atrapalham ainda mais o jogador.

Ainda assim, não se sabe se por um arroubo de populismo (para "acalmar a massa", irritada com a atual fase da Seleção), ou por intenção de demonstrar poder, Teixeira vem com a idéia de impor Ronaldinho a Dunga, mesmo com a fama do jogador de "sumir" quando veste a amarelinha. Vale lembrar que o presidente da CBF queria fazer o mesmo em 2002, quando queria impor a convocação do atacante Romário ao então treinador Luiz Felipe Scolari para a Copa do Mundo. Felipão deu de ombros, o Brasil foi penta e não se tocou mais no assunto. Pelo menos o Baixinho estava em boa fase; Ronaldinho, hoje, não é nem sombra do que era na época em que foi eleito o melhor do mundo. Aliás, nem mesmo quando disputou sua primeira Olimpíada, em 2000.

Desde já, esta "estratégia" de Teixeira mostra-se fadada ao fracasso. Afinal, uma das características de Dunga como treinador da Seleção (mal ou bem, ele vinha seguindo-a com coerência) era a de não convocar jogador que não atuasse por clube algum. Ronaldinho está de saída do Barça e ainda não foi definido o seu destino. Essa imposição de Teixeira pode testar a capacidade do atual técnico de seguir ou não o que vem de cima. Isso contraria a carta branca dada pela própria CBF a Dunga quando o contratou como treinador, em 2006.

Mais do que uma demonstração de força, o mando da chefia pode significar um processo de fritura. Dunga vem sendo cada vez mais criticado no comando técnico da Seleção e poderá ser substituído no cargo, principalmente se não conseguir o ouro olímpico em Pequim. Ou seja, o que prometia ser uma revolução no comando técnico da Seleção Brasileira pode terminar muito antes do esperado, e de forma melancólica.

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