24.3.08

A tocha olímpica de encontro à confusão



Foi acesa nesta segunda-feira, no sítio arqueológico de Olímpia, na Grécia, a tocha cuja chama percorrerá o mundo inteiro para acender a pira no Estádio Nacional de Pequim, no dia 8 de agosto. Normalmente, o gesto simboliza a busca pela paz entre os povos através do esporte. Mas, neste ano, há um certo "climão" no ar...

Como todos sabemos (talvez milhões de chineses nem tanto, embora não seja nenhuma novidade), houve protestos na região do Tibete, por maior autonomia - a reação das tropas chinesas foi consideravelmente violenta. Desde 1950, a China ocupa o Tibete e é constantemente acusada de massacrar culturalmente a região, passando por intromissões nas escolhas do Budismo e chegando ao povoamento do Tibete por chineses de várias regiões, investindo sem retorno nenhum para os tibetanos. Vários protestos em todo o planeta ecoam contra os chineses e a favor dos tibetanos, sem muito efeito, visto que a China é o país cuja economia é a que mais cresce em todo o mundo.

Não é a primeira vez que a China se envolve numa polêmica envolvendo relações políticas, às vésperas da mais importante competição que sedia. No ano passado, houve receio de que a França boicotasse os Jogos, em protesto contra os negócios do país asiático com o Sudão (de quem compra petróleo), que realiza há anos um massacre étnico na região de Darfur.

Pois bem: durante o ritual do acendimento da tocha em Olímpia, houve protesto da ONG Repórteres sem Fronteiras durante o discurso do presidente do Comitê Organizador dos Jogos. Aliás, houve protestos em várias partes do mundo contra a opressão chinesa ao Tibete. A situação ficou tão delicada que até o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o belga Jacques Rogge (que normalmente se esquiva de questões políticas envolvendo as Olimpíadas), fez um pronunciamento no qual se declarou desapontado com tais manifestações, embora tenha ressaltado que estas não foram violentas.

De todo modo, há promessa de mais protestos durante o percurso da tocha até chegar em território chinês. A China conta com o pouco caso da comunidade internacional em relação à questão tibetana, talvez por costume, talvez por acomodação, talvez por interesses financeiros, ou talvez por medo, mesmo. Mesmo sem ser correto o fato de haver alguma possibilidade de boicote aos Jogos de Pequim, é inaceitável que o mundo dê de ombros a um fato tão grave como o que ocorre no Tibete há quase seis décadas.

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