9.3.08

Mundial de Atletismo em Pista Coberta: Há esperanças para o Brasil

Foi disputada em Valência, na Espanha, a 12ª edição do Campeonato Mundial de Atletismo em Pista Coberta. O Brasil conquistou duas medalhas, exatamente através de suas duas melhores atletas no momento.

A saltadora Fabiana Murer ficou com o bronze no salto com vara, estabelecendo o novo recorde sul-americano, com 4,70 metros (o ouro ficou com a recordista mundial, a russa Yelena Isinbayeva, e a prata com a norte-americana Jennifer Stuczynski, ambas com 4,75 - a russa ganhou o ouro por número menor de tentativas). Já Maurren Higa Maggi ganhou a prata no salto em distância, com 6,89 metros, também recorde sul-americano (o ouro ficou com a portuguesa Naide Gomes, com sete metros, e o bronze com a russa Irina Simagina, com 6,88 - a brasileira Keila Costa acabou em sétimo, com 6,48).

O bom desempenho na competição indica a boa fase das duas atletas. Resta saber qual será o desempenho em Pequim...

A próxima edição será disputada em 2010, em Doha, no Catar.

29.2.08

29 de fevereiro: É sinal de ano olímpico

Hoje é dia 29 de fevereiro, característica do ano bissexto, algo que só se repete a cada quatro anos. A compensação de seis horas a mais a cada ano num dia a mais a cada quatro fevereiros cai, por coincidência, em anos de Olimpíadas. O que ajuda a caracterizar o ano bissexto em sua plenitude. Apenas em 1900 (anos bissextos terminados em dois zeros só ocorrem a cada 400 anos; o último foi 2000 e o próximo será 2400), não houve um 29 de fevereiro em ano olímpico.

Isso só cria mais um dia de expectativa para a grande festa do esporte mundial. Mas o que são 24 horas a mais de espera perto de 17 dias de emoções que levaremos à Eternidade?

9.1.08

Mais Rio 2016, mais polêmicas à vista

Foi apresentado ontem o projeto do COB em relação à candidatura do Rio a sede das Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016. Como escrito aqui anteriormente, já havia vários pontos polêmicos como a substituição do Autódromo Nelson Piquet (que seria construído em outro ponto da cidade, a ser definido) por um grande centro de treinamento olímpico, integrado às instalações construídas para o Pan de 2007. A Confederação Brasileira de Automobilismo dá como condição a construção de um novo autódromo de alto nível, capaz de receber até mesmo a Fórmula-1 - o que seria um grande ganho, uma vez que o antigo autódromo estava quase às moscas, desde muito antes do erguimento das instalações pan-americanas. Porém, um projeto como esse exige um investimento enorme. Mas tem mais por aí.

Entre as novidades, estaria a transferência do Estádio de Atletismo Célio de Barros e do Complexo Aquático Júlio Delamare (usado nas competições de pólo aquático no Pan), ambos pertencentes ao Complexo Esportivo do Maracanã (vizinhos ao Estádio Mário Filho) para além da linha férrea que fica ali perto, mudando-se para a região da Quinta da Boa Vista, em São Cristóvão. Este é, disparadamente, o ponto mais polêmico do projeto Rio 2016 - que, indiretamente, faz parte das reformas do estádio para a Copa do Mundo de 2014 (o Maracanã está programado para receber a final do Mundial), para a construção de novos prédios, entre eles um shopping-center e um estacionamento.

O que chega a impressionar é a incoerência das classes política e esportiva no projeto. Depois de rejeitarem veementemente a demolição no início do projeto, tanto o governo estadual (que gere o complexo) quanto as federações aquática e de atletismo do estado do Rio passaram a apoiar a idéia. O que os teria feito mudar de opinião tão rapidamente? Haveria alguma "força oculta" que teria feito isso? Uma solução seria a construção de tais prédios (ou pelo menos do estacionamento) no terreno do antigo e inativo Museu do Índio, que fica perto do estádio.

Se tal projeto oficial for levado a cabo, o comitê de candidatura terá que ter uma enorme responsabilidade de fazer arenas que superem em qualidade os antigos estádios. O que, conseqüentemente, implica em mais gastos para os contribuintes. Pelo menos isso tudo tem um lado bom: há a previsão de que obras estruturais (como a construção de novas linhas de metrô, por exemplo) sejam feitas mesmo que o Rio não seja escolhido a cidade-sede. Se isso for levado em prática, a cidade terá muito a ganhar, por ser beneficiada em algo que espera há tempos. Resta esperar para ver no que vai dar.

7.1.08

Rio 2016: Será que vale a pena investir tanto?



A candidatura do Rio para sediar as Olimpíadas e Paraolimpíadas de 2016 se intensificou no mês passado, quando da exibição do seu logotipo oficial durante o Prêmio Brasil Olímpico e da divulgação da proposta da candidatura, com vários pontos polêmicos.

Entre esses pontos, está a mudança do autódromo (que daria lugar a um grande centro esportivo; o local de corridas já tinha sido modificado com a construção da Arena Olímpica, do Parque Aquático e do Velódromo para o Pan de 2007) para outro ponto da cidade, o que deverá acarretar mais protestos da comunidade automobilística nacional, já atingida com o que considera uma completa descaracterização do Autódromo Nelson Piquet - que, cá entre nós, já estava decadente com a transferência do Grande Prêmio do Brasil para Interlagos, em 1990.

De todo modo, há a previsão de grandes gastos somente com a candidatura do Rio para 2016, além do temor de que as nossas finanças não agüentem o tranco. Afinal de contas, muitos estão melindrados com os altos gastos feitos no Pan de 2007, e se preocupam com a Copa do Mundo de 2014, cujos investimentos prometem ser ainda maiores.

Considerando-se que a luta para sediar uma edição de Jogos Olímpicos é bem mais árdua que o normal, com concorrentes fortes e dispostos a jogar firme nos bastidores, cabe a pergunta: será que tanto investimento vai valer a pena? Essa é a primeira preocupação do Olimpismo, neste Ano Olímpico que se inicia.

18.12.07

Os melhores do esporte em 2007 são premiados



Foi realizada nesta segunda-feira, no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, a nona edição do Prêmio Brasil Olímpico, que premia os melhores do esporte nacional em cada temporada. Em 2007, a premiação teve um gosto especial por causa da realização dos Jogos Pan-Americanos do Rio.

Foram premiados os melhores de todos os esportes olímpicos, além de boliche, caratê, esqui aquático, futsal e squash, além dos paraolímpicos. Além disso, foi instituído o Prêmio Maria Lenk, que premia as atletas históricas do Brasil (neste ano, o prêmio foi dado para a maior tenista brasileira de todos os tempos, Maria Esther Bueno). O prêmio segue o esquema do Prêmio Adhemar Ferreira da Silva (oferecido, neste ano, ao ex-remador André Gustavo Richer).

Na premiação, foi divulgada a logomarca da candidatura do Rio a sede das Olimpíadas de 2016. A cidade concorre com Baku (Azerbaijão), Chicago (Estados Unidos), Doha (Catar), Madri (Espanha), Praga (República Tcheca) e Tóquio (Japão). De todas as cidades concorrentes, apenas a última sediou uma edição das Olimpíadas, em 1964.

Os atletas que ganharam os prêmios máximos da noite foram o nadador Thiago Pereira (que concorreu com o ginasta Diego Hypolito e o judoca Tiago Camilo) e a ginasta Jade Barbosa (que concorreu com a saltadora Fabiana Murer e a futebolista Marta - eleita pelo segundo ano seguido, pela FIFA, a melhor do mundo). As premiações coroaram um ano espetacular para os dois atletas, esperanças de medalha para o Brasil nas Olimpíadas de Pequim.

8.12.07

Seleção Olímpica de futebol: O Dunga já começou mal...



O técnico Dunga assumiu a responsabilidade de conduzir a Seleção Brasileira ao único título que ainda não tem no futebol: a medalha de ouro nos Jogos Olímpicos. E o primeiro passo será dado neste domingo, com o amistoso contra a seleção dos melhores jogadores do Campeonato Brasileiro, no Estádio Olímpico João Havelange, o Engenhão, no Rio de Janeiro.

É, sem dúvida, um bom teste - ainda que somente pudessem ter sido convocados jogadores até 22 anos que atuassem no futebol brasileiro (a exceção foi o atacante Alexandre Pato, que só estreará no Milan em janeiro). Porém, as duas primeiras divisões do Campeonato Brasileiro se revelaram grandes celeiros de revelações e jovens valores, com idade suficiente para disputar os Jogos de Pequim. Se bem que a base da Seleção Olímpica deverá ser formada por jogadores que atuam no exterior, como os goleiros Diego Alves (Almería/ESP) e Cássio (PSV Eindhoven/NED); os laterais Marcelo (Real Madrid/ESP), Ilsinho (Shakthar Donetsk/UKR) e Rafinha (Schalke 04/GER); os meias Lucas (Liverpool/ENG), Ânderson (Manchester United/ENG) e Diego (Werder Bremen/GER); e os atacantes Rafael Sobis (Betis/ESP), Luiz Adriano (companheiro de clube de Ilsinho) e André Lima (Hertha Berlin/GER) - além do próprio Pato - entre outros.

Porém, pode-se dizer que Dunga não começou bem sua trajetória como treinador da Seleção Olímpica. Na convocação, ele ignorou vários jogadores que ficaram entre os melhores do Brasileirão, como o zagueiro Alex Silva (São Paulo - se bem que ele se recupera de contusão) e o volante Arouca (Fluminense), além do meia Renato Augusto (Flamengo). Pior, ignorou o volante são-paulino Hernanes, um dos melhores do campeonato - tanto que enfrentará a Seleção no domingo. E ainda convocou muitos jogadores desconhecidos da torcida, como o lateral Nei (Atlético-PR) e o zagueiro Leandro Almeida (Atlético-MG) - que dificilmente viajarão para a China em agosto.

Há a expectativa de que Dunga use os próximos amistosos da Seleção principal (contra a Irlanda, em fevereiro, e a Suécia, em março) para convocar jogadores com idade olímpica. E é bom que isso aconteça, pois as datas são poucas, assim como o tempo útil para experiências.

4.12.07

Há vida sem Ricardinho



A conquista do bicampeonato da Copa do Mundo masculina de vôlei - e a conseqüente classificação para as Olimpíadas de Pequim - pela Seleção Brasileira, neste domingo, no Japão, evidencia a excelente fase da equipe, que já dura seis anos. Só neste ano, é o quarto título ganho (os outros foram a Liga Mundial, os Jogos Pan-Americanos e o Campeonato Sul-Americano). A boa fase supera até uma crise fora das quadras - a que afastou o levantador Ricardinho, eleito o melhor jogador da Liga Mundial e considerado o melhor do mundo em sua posição, da equipe, às vésperas da estréia no Pan, em julho.

O técnico Bernardinho afastou o levantador alegando que este não pensava no coletivo. Dizendo sentir-se traído, Ricardinho afirmou que não voltaria à Seleção, quando lançou sua autobiografia, pouco depois do Pan. Os companheiros (Giba, em particular) pedem a Ricardinho que reconsidere a sua decisão. A opinião do Olimpismo é que, independentemente de quaisquer individualismos, o talento de Ricardinho é algo que não é recomendável de ser desperdiçado. De todo modo, a equipe está bem servida de levantadores. E a recente conquista da Copa do Mundo mostrou isso.

Depois de terem sido questionados pela opinião pública na época do corte, Marcelinho e Bruno Rezende vêm fazendo boas partidas, dando conta do recado. Até agosto de 2008, na disputa das Olimpíadas de Pequim, há tempo para um amadurecimento maior. Mas se Ricardinho reconsiderar sua decisão de deixar a Seleção, será um grande reforço no caminho para o tricampeonato olímpico. E o vôlei brasileiro só terá a ganhar.

30.11.07

Olimpíadas recentes e futuras: Não estaria havendo mascotes demais?



Foram apresentadas ontem as mascotes das Olimpíadas de Inverno de 2010, que serão realizadas na cidade canadense de Vancouver. Serão três: Miga, um urso-marinho com ares de surfista; Quatchi, um pé-grande; e Sumi, um pássaro guardião. Além deles, há uma "mascote honorária": Mumuk, uma marmota que age meio que na aba dos demais... Seguindo a tendência iniciada com o nosso solzinho Cauê, mascote do Pan e do Parapan de 2007, no Rio, as mascotes olímpicas de 2010 servirão tanto para as Olimpíadas quanto para as Paraolimpíadas de Inverno.

Tudo muito bom, tudo muito bem, mas isso causa uma discussão que não é de hoje, apesar de ser relativamente recente: não anda havendo mascotes demais pra cada edição olímpica? Isso vem desde 2000, quando três espécimes típicos da fauna australiana (a cucaburra Olly, o ornitorrinco Syd e o eqüidna Millie) representaram as Olimpíadas de Sydney. Uma dupla de crianças (Athena e Phevos - cujos nomes homenagearam Átena e Febo, figuras da mitologia grega - representando bonecos gregos típicos) foi mascote dos Jogos de Atenas, quatro anos depois. Já os chineses exageraram, como vêm fazendo constantemente em qualquer coisa: haverá cinco mascotes nas Olimpíadas de Pequim, no ano que vem, com cada um representando um elemento da cultura chinesa.

Isso, à medida que o tempo passa, parece ser quase que uma exclusividade do movimento olímpico. Houve uma exceção na Copa do Mundo de 2002, quando houve três mascotes, que por sinal não vingaram. A minha tese é que há uma corrida desenfreada por aquisição de direitos sobre produtos relacionados às Olimpíadas, assim como há um grande interesse nos lucros que tais produtos certamente irão gerar. Afinal de contas, as Olimpíadas estão se tornando um negócio cada vez mais rentável. Só não precisavam exagerar no número de mascotes.

Isso me causa um certo temor quanto às Olimpíadas de 2012, em Londres. Se o logotipo já causou grande polêmica, imaginem a discussão que a(s) mascote(s) pode(m) gerar...

Para ver o vídeo que apresenta as mascotes das Olimpíadas de Inverno de 2010, é só clicar aqui.

16.11.07

Mais uma chance. A última?

O vôlei feminino brasileiro conseguiu, com uma rodada de antecedência, a vaga para as Olimpíadas de Pequim ao derrotar a Sérvia por 3 a 0, em jogo válido pela Copa do Mundo, no Japão. A Seleção ficará, na pior das hipóteses, em terceiro lugar - colocação suficiente para a classificação olímpica.

A vitória sobre as sérvias foi absolutamente inquestionável, pois o Brasil jogou muito bem. O problema é que, mais uma vez, nossas meninas sofreram o mal da irregularidade que tem há tempos, quase sempre em momentos decisivos. Nesta Copa do Mundo que está em andamento, elas perderam duas partidas - ambas de maneira inacreditável - até agora. A primeira foi para os Estados Unidos, por 3 a 2, de virada - depois de terem feito 2 a 0, as brasileiras sofreram uma pane coletiva e ficaram assistindo às norte-americanas virarem o jogo. A segunda foi para a Itália, por 3 a 0, na pior atuação brasileira em sabe-se lá quanto tempo.

Menos mal que a Copa do Mundo de vôlei é disputada em pontos corridos. Mas as jogadoras brasileiras terão que ter a cabeça no lugar para que não decepcionem mais uma vez num momento decisivo, em Pequim.

A partir deste final de semana, será a vez da seleção masculina tentar a vaga olímpica.

8.11.07

Que isso tudo sirva de exemplo



O caso de doping envolvendo a nadadora Rebeca Gusmão é, evidentemente, uma mancha no esporte brasileiro, que luta por credibilidade e investimentos, além de prejudicar a natação do país como um todo (além da evidente perda das quatro medalhas, as equipes femininas terão seus recordes e índices olímpicos cassados, tendo mais trabalho para classificar-se para Pequim). A desconfiança que já havia, mesmo que de forma discreta, sobre o elevado crescimento muscular da nadadora nos últimos sete anos revela o quanto muitos brasileiros são temerosos em apurar fatos, preferindo escondê-los para baixo do tapete. Como atenuante, serve o fato de que não havia provas de ilegalidade até bem pouco tempo atrás (se bem que foram detectadas provas de fraude nos exames da nadadora feitos durante o Pan, que atestaram presença de amostras urinárias de pessoas diferentes, o que complica ainda mais a situação de Rebeca Gusmão).

De todo modo, que sejam apurados esses fatos e haja um julgamento justo. Também esperemos que, daqui em diante, nossos atletas tenham mais atenção e não usem de artifícios ilegais para que possam vencer. O doping é, acima de tudo, um crime lesa-esportivo. E seu preço é altíssimo, pago por todos aqueles que se envolvem com ele.